Selfie em Foco 2019
A curadoria do Paraty em Foco promoveu a chamada Selfie em Foco 2019, visando expor autorretratos criativos enviados por fotógrafos. Foram selecionados 32 autorretatos, evidenciando a variedade de expressões e abordagens. Participam da exposição Adilson Andrade, Alexandre Suplicy, Ana Gilbert, Antonio Salaverry, Arthur Kolbetz, Bruna Vianna, Carolina França, Cecilia Bethencourt, Felipe Garofalo, Fernanda Lider, Flavia Baxhix, Gilma Mello, Khalil Charif, Lilian Nader, Luci Polina, Luciana Crepaldi, Marcos Marcolla, Maria Jose Benassi, Mariana Pêgas, Marisa Souza, Mazé Martins, Natalia Rocha, Paula Mello, Rafael Silva, Renato Lo, Roberta Sucupira, Rossana Medina, Tacila Torres, Tika Tiritilli, Veronica Machado Nani, Victor Garcia e Zé Renato. Local: Pátio da Casa da Cultura. De 18 de setembro a 14 de outubro.
FINALISTAS ENSAIO
Paraty em Foco 20 Anos
Paraty em Foco 2024
BATE-PAPO PEF 2024 Por André Teixeira
BATE-PAPO COM GABRIELA BILÓ
Ganhadora da Menção Honrosa América do Sul do Prêmio World Press Photo em 2024, a fotojornalista Gabriela Biló, da sucursal da Folha de São Paulo em Brasília, vem se destacando na cobertura do dia a dia da política brasileira nos últimos anos, num trabalho que resultou, em 2023, no livro "A verdade Vos Libertará". Formada em jornalismo pela PUC SP, Biló também recebeu a Menção Honrosa do Prêmio Vladimir Herzog em 2020, foi a vencedora do Prêmio Mulher Imprensa na categoria Fotografia em 2020 e 2021, finalista do prêmio internacional LOBA, da Leica, e ganhadora do Prêmio IREE de Jornalismo em 2022. Nesta entrevista, Biló fala de sua expectativa sobre o PEF 2024, do qual é uma das convidadas.
Você é uma das convidadas da 20ª. edição do Paraty em Foco. O que pretende apresentar no Festival?
Pretendo fazer uma recapitulação de uma década na política brasileira em fotos.
De 2013 a 2023
Além do dia a dia no jornal, que outros projetos te movem?
Eu gosto de fotografar pessoas, especialmente pautas sociais. Sou uma pessoa curiosa, gosto de aprender o mundo pelas fotos.
Você é autora de fotos que desagradaram tanto militantes de direita quanto de esquerda. Já se sentiu pressionada, ou ameaçada, por ter feito esta ou aquela foto? Como lidar com isso?
Não só me senti ameaçada como já fui ameaçada de morte, sou até hoje, dependendo de quem a foto desagrada. Tento ser o mais discreta possível com meus dados pessoais e tento proteger minha família. De resto, já entendi que é do jogo, o mundo está doente.
Como todos nós, você tem uma ideologia política. É possível deixar isso em casa na hora de fotografar, ou isso assumidamente faz parte de seu trabalho?
Acho a mudança do perfil de público do festival tem muito a ver com a mudança da própria fotografia ao longo dos anos. É fato que os mais jovens têm se afastado da fotografia de uma forma geral, mesmo praticando muita fotografia no cotidiano. Câmeras deram lugar a smartphones,
Ano passado, o PEF promoveu exposições e entrevistas sobre a Inteligência Artificial, um assunto que continua em evidência pelo seu impacto em todas as áreas. Nesta edição dos 20 anos, você vê algum tema que mereça um destaque especial?
Eu não acredito em jornalismo isento, isso não existe. Existe o que chamamos de registro e existe o bom fotojornalismo, que passa uma mensagem. O jornalismo tem lado, o da democracia, interesse social e da livre imprensa. Essa é a minha ideologia.
A fotografia em geral e o fotojornalismo em particular são ambientes em que a presença masculina ainda é predominante. Como isso se reflete nas imagens que vemos diariamente nos jornais?
Temos a história contada majoritariamente por homens. Acredito que seja algo que tenha seus dias contados, no fim, você perde uma grande parcela do mercado consumidor. Vemos isso principalmente da escolha de temas e o espaço que se dá a eles, seja na política, no esporte, etc.
Como mudar esse panorama?
Um trabalho individual e coletivo ao mesmo tempo. Isso se constrói no machismo do dia a dia. A pergunta é “o que você faz quando o machismo acontece na sua frente”? No meu ponto de vista, a maioria masculina silencia. Esses indivíduos precisam participar e nós, mulheres, cobrar. Precisa ter pressão por ambientes de trabalho mais saudáveis e com mais mulheres, é um trabalho de formiguinha.
Ano passado, o Paraty em Foco promoveu uma discussão sobre o impacto da Inteligência Artificial na fotografia. Como você vê o fotojornalismo diante dessa possibilidade de criar imagens cada vez mais realistas no computador? Como os veículos de imprensa podem deixar claro para o leitor que as fotos que publicam são verdadeiras
Eu amo IA. O fotojornalismo só se torna mais relevante e indispensável nesse contexto. Como deixar claro? A única maneira que sempre tivemos, credibilidade. Era possível alterar imagens antes, só era mais trabalhoso. A credibilidade e nosso nome é tudo que se tem no fotojornalismo, é o seu bem mais valioso.
Muitos fotógrafos, de diversas áreas, consideram a Inteligência Artificial uma ameaça à sobrevivência da fotografia como uma atividade profissional. Você concorda com isso?
Sim, em algumas áreas é mesmo. Muitas profissões desaparecem com a tecnologia, faz parte da história da humanidade. O problema não é a tecnologia avançar, é o sistema falho em que vivemos que não garante uma existência digna se você não produzir para sociedade.
Qual a importância de um festival como o Paraty em Foco na formação de novos fotógrafos ou mesmo de um público consumidor de fotografia no Brasil? O que você espera desta 20ª. edição?
Festivais de fotografia são sempre um `boom` nas mentes criativas. Mesmo com mais de uma década de carreira me considero e sempre serei uma fotógrafa em formação. Nesse festival vai ser hora de beber da fonte! Espero aprender muito e ter novas inspirações.