Selfie em Foco 2019
A curadoria do Paraty em Foco promoveu a chamada Selfie em Foco 2019, visando expor autorretratos criativos enviados por fotógrafos. Foram selecionados 32 autorretatos, evidenciando a variedade de expressões e abordagens. Participam da exposição Adilson Andrade, Alexandre Suplicy, Ana Gilbert, Antonio Salaverry, Arthur Kolbetz, Bruna Vianna, Carolina França, Cecilia Bethencourt, Felipe Garofalo, Fernanda Lider, Flavia Baxhix, Gilma Mello, Khalil Charif, Lilian Nader, Luci Polina, Luciana Crepaldi, Marcos Marcolla, Maria Jose Benassi, Mariana Pêgas, Marisa Souza, Mazé Martins, Natalia Rocha, Paula Mello, Rafael Silva, Renato Lo, Roberta Sucupira, Rossana Medina, Tacila Torres, Tika Tiritilli, Veronica Machado Nani, Victor Garcia e Zé Renato. Local: Pátio da Casa da Cultura. De 18 de setembro a 14 de outubro.
FINALISTAS ENSAIO
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Paraty em Foco 20 Anos
Paraty em Foco 2024
FRANCESCO CITO - ITÁLIA
Nas reportagens de Francesco Cito há uma busca por uma narrativa contundente, onde a fotografia age como protagonista e o fotógrafo se coloca na imagem, assumindo postura inquisidora diante daquilo que vê. Seus cortes, sua composição o colocam no centro da cena. Não são imagens conseguidas à distância ou em segurança. São fotografias que funcionam como o olho do leitor, como se nós mesmos estivéssemos por trás das lentes.
Francesco Cito é filho de seu tempo. Nascido em Nápoles no pós-guerra, vai ser nos anos 70 que decidirá se dedicar à fotografia. Como muito jovens daquela época, influenciado pelas revistas ilustradas, em especial a Life, norte-americana, percebia-se no fotojornalismo uma maneira de transformar, de reclamar, de se posicionar. Anos conturbados aqueles! Assim como também o são suas reportagens. Fotografias de guerra, de combates, de invasões. Trabalhos sobre a máfia napolitana, e o baixo-mundo meridional italiano.
Olhos que não têm medo de falar, de denunciar. Atentos ao que acontece em descortinar, por meio do que se apresenta à sua frente, um cenário que se destaca do clichê, da cobertura mais óbvia. Francesco Cito ousa. Mesmo nas fotografias aparentemente banais, como cenas de um casamento, existe uma postura crítica. Assim como na imagem de um soldado afegão retratando seus companheiros. Não existe nada de imparcial em seu trabalho, nem nas imagens posadas, criadas. Francesco Cito deixa bem claro que seu olhar não é ingênuo nem maniqueísta e muito menos militante.
É um olhar provocador que nos chama para uma discussão, que nos enfrenta, que não desliza pelos acontecimentos. Um jornalismo que infelizmente – salvo exceções – está deixando de existir para abrir espaço para uma estética vazia, de entretenimento e diversão. Enquanto o mundo se transforma em Disneylândia, as imagens de Francesco Cito nos dão à certeza de que ainda existe vida inteligente na mídia.
Simonetta Persichetti
Jornalista/crítica de fotografia